Para meu anjo de cera.




O céu de domingo chovia um oceano de lágrimas.Estas esborrachavam-se nas sacadas dos prédios,nos ombros dos desavisados,dos olhos dos desentendidos.Esbarraram-se em nós. Enterraram-se em nós. Ninguém via que aquele céu líquido estava prestes a se quebrar.Desabavam-se pedaços dele no seu corpo miúdo.Ali no canto estava ela. De branco.Tão casta...!Fingia que era o vento. Via-se como um dos grandes erros de Deus. Fingia-se de morta... ...Conseguia. E lá fora,além das sacadas de prédios e sobras de telhado pelas quais ela se escondia,o céu de domingo chovia lágrimas de chuva: um infinito oceano acinzentado numa cidade gelada de cimento. Desabou! uma lágrima amarela despencou. Recaíra ao estado de catatonia sonolenta que dispensava a necessidade de respirar. Ela dizia que nunca deixaria de ser a menina que tinha as duas mãos esquerdas. De tanto fingir-se de morta,ela morreu. Nenhum lexotan a tiraria dali.



Minha Tai,meu anjo de cera. (:
Planejei enviar o original pra você antes de postar aqui,e isso há muuuito tempo,desde aquela briga...só que carta dá preguiça e blábláblá...Enfim,táqui.
amo.
e sei que a recíproca é verdadeira.