Do medo e sua cura.


Tens que aprender: Os olhos podem pesar, não derramar. Soará falso como sempre, mesmo sendo mais verídico que o mundo que nos cerca. Os exageros que tanto estão entranhados em sua pele irritam, sejam eles quais forem. Exaltações irritam o âmago daqueles que se enterram em si mesmos. Os exageros são atribuídos aos loucos, e ninguém gosta de ser louco. A razão é o que eles mais enaltecem, mas também o que eles mais contrariam. Não é você quem decide o que ser, e sim a média geral do que eles conhecem sobre ti. Os julgamentos prévios estão à solta, e eles machucam.

“Mas como?”, eu pergunto. Como não chorar? Porque é digno esconder essas gotas díspares que desabam de minhas pálpebras, e porque, ainda, é pecado desentranhar-se? Porque é vergonha revelar-se? Porque a fraqueza é algo ruim?

Eu queria ser forte. Eu queria não derramar destes olhos uma gota sequer. Queria que essa doença que atende pelo nome de medo tivesse analgésico, que a dor que corrói meu âmago como ácido tivesse algum tipo de anestésico.

Eles estão todos olhando pra mim, e todos tem os olhares reprovadores. O que foi que eu fiz? Não lembro em momento algum de pedir pra viver. Então porque, afinal de contas, deveria eu continuar? Eu poderia até chocar violentamente meu crânio contra o teto, eu poderia até enfiar um projétil na minha testa, mas porque ainda estou aqui?

Poderiam sentir minha falta?? Mas neste mundo imenso, que falta faria uma pessoa? Se eu morrer, nascerá outro ser como eu, talvez melhor. Melhor poeta, melhor amante, melhor humano... Mais forte, sem defeitos, mais preparado, mais corajoso... Até porque poetas, oras! O mundo está cheio deles, afinal. A seleção natural é uma aposta, uma roleta russa, e agora é a hora em que chega a minha vez.

Que a bala entre em mim neste momento. E eu sabia. Algo no revólver que aponto à minha própria testa diz isso, e este algo me faz sorrir pela ânsia da minha tão esperada liberdade.

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